18 de fevereiro de 2009

CONTINUANDO A HISTÓRIA DA MINHA VIDA

Estávamos no mês de Janeiro de 1960 quando meu irmão João foi para Brasília. Minha mãe passou a ficar em casa depois que a Zezé foi com o Paulo para Lorena. Eu estava desempregado, porque estava no período do meu alistamento militar e por isso não conseguia emprego. Minha irmã Nilva só estudava e vivia sempre em tratamento pois, os sangramentos pelas narinas ainda continuavam


A Alzira tinha deixado de trabalhar no hotel para cuidar do filho recem-nascido. O Daniel esteve em casa, vindo de Lorena dizendo para minha mãe que iria deixar o exército pois, seria dispensado em virtude de não querer seguir a carreira militar.


O João, depois de quase um mês, retornou à São Paulo e contou que quando esteve em Brasília, ao passar pela avenida principal a W3, avistou uma lavanderia de grande porte e, teve a curiosidade de conhece-la.


Ao chegar no balcão, constatou um tumulto generalizado no seu interior. Pediu para falar com o Gerente mas, informaram que ele estava muito ocupado e não poderia atender. Meu irmão que tinha muita experiência em lavanderia, percebeu que o tumulto era ocasionado pelo volume enorme de roupas para lavar e passar e, ninguém sabia fazer nada.


Ao questionar uma funcionária que atendia no balcão, ela confirmou que o Gerente estava para ter um colapso pois, a lavanderia estava cheia de roupa e os funcionários, não tendo experiência, não sabiam como processa-las.


Ai o meu irmão falou para a funcionária que ele tinha vindo de São Paulo e que tinha muita experiência em lavanderia, insistindo para que ela chamasse o Gerente novamente mas, dando-lhe esta informação.


O João continuou contando que, o Gerente veio, um pouco zangado e atendeu o meu irmão até com certa grosseria dizendo que estava com muitos problema e não poderia perder muito tempo conversando. Depois que o João se apresentou e falou que era técnico em lavanderia , que tinha muita experiência e que talvez pudesse ajudar, tudo mudou de figura.


Disse ainda meu irmão, que o Gerente nem esperou ele acabar de se apresentar e praticamente o arrastou para dentro da lavanderia. O meu irmão ficou impressionado com o porte da estrutura da lavanderia, que era enorme e tinha um maquinário excelente mas, constatou que havia muita roupa para lavar e passar e, que nem o Gerente nem a maioria dos funcionários tinham experiência e por isso estava aquela confusão toda com, roupas espalhadas por todos os lados.


E eram roupas dos altos funcionários do Governo e, até de escalões próximos ao Presidente Juscelino Kubstichek, que tinham vindo do Rio de Janeiro para a inauguração de Brasília, que ocorreria a pouco mais de dois meses.


Como meu irmão já tinha entregue o veículo que trouxera de São Paulo para Brasília, e, ainda lhe restavam uns quinze dias de férias , ele acertou com o Gerente, que colocaria a lavanderia em ordem naquele período tendo em contrapartida, recebido a oferta de um bom salário, hospedagem e alimentação.


Meu irmão tinha muita experiência por isso, não teve muita dificuldade em resolver todos os problemas até então existentes, bem como, ensinar ao pessoal todas as rotinas de uma lavanderia industrial.


E isto foi feito dentro do prazo de dez dias corridos. Só que, ao terminar a empreitada, o João nos disse que o Gerente da lavanderia, que na realidade era um Diretor da NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) não queria que meu irmão voltasse para São Paulo e lhe ofereceu um salário três vezes maior do que ele recebia na Guarda Civil, além de uma casa para morar com a família, em plena Avenida W3 que naquela época (1960) era o point em Brasília.


O João ficou muito empolgado com a proposta e pediu ao Diretor Sr.Expedito (este era o nome dele) que lhe concedesse 15 dias para voltar a São Paulo , resolver todas pendências e assim que estivesse liberado ele retornaria e assumiria a Gerência da lavanderia.


Para agilizar, o Sr. Expedito ainda conseguiu uma passagem de avião para o meu irmão voltar mais rápido para São Paulo pois, as viagens de ónibus eram muito demoradas (cerca de 30 horas de Brasília à São Paulo).


Depois de contar toda essa ocorrência em Brasília, o João disse que tinha aceitado a proposta do Diretor da NOVACAP em Brasília e, que para lá retornaria tão logo resolvesse todos os problemas que o prendia em São Paulo.


Como eu ainda estava desempregado, o João falou com a minha mãe que se eu quisesse e ela deixasse, ele me levaria para Brasília para trabalhar, também, na lavanderia como passador profissional de roupas, em máquinas de passar.


A minha mãe ponderou, dizendo que eu nunca tinha saído de casa e, tampouco, sabia passar roupas, nem com o ferro caseiro quanto mais em máquinas de passar. O João então disse que isto não seria problema primeiro, porque um dia eu teria mesmo que sair de casa e, segundo porque era a oportunidade de ir para uma cidade ainda em construção e que seria a nova Capital do país, com possibilidades de desenvolvimento muito rápido.


Quanto a eu não saber passar roupas, também não seria um empecilho pois, assim que chegasse em Brasília ele me ensinaria nas máquinas da lavanderia mas, que era para mim dizer ao Sr. Expedito, que já trabalhava a bastante tempo no ramo.


Assim, ficou resolvido, que eu também iria para Brasília com meu irmão João a Alzira e o filho deles o Roberto, tão logo ele acertasse sua exoneração da Guarda Civil de São Paulo bem como outras pendências.


Minha mãe, para não ficar sozinha em São Paulo com minha irmã Nilva, resolveu que falaria com meu pai para vender nossa casa, e comprar mais outra em Lorena e ficar morando lá definitivamente, junto com o Paulo e o Daniel que lá estavam.


Depois que o João acertou tudo Em São Paulo, nós seguimos viagem para Brasília, no mês de Fevereiro de 1960 e, lá chegando, fomos morar na Cidade Livre (hoje Cidade Satélite do Núcleo Bandeirante), num enorme barracão de madeira onde já moravam a Vó Eliza, mãe da Alzira mulher do João, e as irmãs dela: a Irene com o marido Jaks, a Antonieta e a Helena.


Dava para acomodar a todos pois o barracão, tinha servido de acampamento para operários que trabalharam na construção de Brasília os "CANDANGOS", e, nós ficaríamos lá até que o João recebesse a casa prometida pelo Sr. Expedito, da lavanderia da NOVACAP.


CONTINUA...


CITAÇÃO DO DIA:

"Os dois fatores que mais nos influenciam são os livros que lemos e as pessoas com quem convivemos."


Horward Hendricks


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